O Experimento de Tuskegee
Entre 1932 e 1972 cerca de 400 trabalhadores rurais do estado americano do Alabama foram selecionados para um estudo chamado Tuskegee Syphilis Experiment. O Serviço de Saúde Pública dos EUA tinha estabelecido critérios bastante práticos para a seleção: todos tinham que ser negros, pobres e ter sífilis. O tratamento seria gratuito – seria tudo uma grande boa ação. Mas aí alguns problemas começaram a surgir.

Nenhum dos 400 homens foi avisado que tinha sífilis. Os médicos diziam que o tratamento era para combater “sangue ruim”, expressão local para designar diversos problemas, como anemia, fadiga e também sífilis. E o tratamento[Imagem: 0,,69812434,00.jpg]também era controverso – isso porque ele não existia. Os pacientes recebiam um comprimido de aspirina e voltavam pracasa. A ideia era justamente observar como a doença avançava no corpo do homem negro. Depois de anos negando a existência do experimento, o governo americano se viu obrigado a assumir: o próprio presidente Bill Clinton fez um pedido de desculpas formal, classificando o episódio de “vergonhoso”.
A Operação Northwoods
“O resultado esperado da execução desse plano seria o de colocar os Estados Unidos na aparente posição de estar sofrendo ataques do irresponsável governo cubano e de desenvolver a imagem internacional de uma ameaça cubana à paz no Ocidente”. Essa é uma das passagens mais contundentes do documento que propunha a execução da chamada Operação Northwoods. Como já deu pra ter uma noção só com essa frase, a ideia era chamar a opinião pública mundial para apoiar os EUA em uma futura invasão à Cuba. Eles precisavam de motivos pra isso e estavam dispostos a fabricarem esses motivos.
[Imagem: 30183228135722.jpg]Várias cidades da Florida (incluindo Miami) e até a capital Washington seriam bombardeadas, pessoas seriam sequestradas, bases militares seriam explodidas. A rigor, Cuba teria começado a guerra e os EUA iriam apenas se defender – um tipo de raciocínio que, há quem sustente, está por trás do 11 de setembro. O presidente John F. Kennedy acabou descartando o plano, mas só de haver um documento oficial da CIA – revelado em 1997 – propondo uma coisa desse tipo, já é mais que suficiente para entrar nessa lista.
O testemunho de Nayirah

Em 1990, Iraque e Kuwait estavam em guerra. Os EUA apenas assistia os conflitos, sem intervir – não havia uma justificativa para isso até o momento. Mas uma menina de 15 anos mudou o rumo do conflito. Identificada apenas como Nayirah, ela deu um depoimento em um congresso sobre direitos humanos no ápice da guerra. Aos prantos, ela relatou coisas tão terríveis como soldados iraquianos invadindo hospitais no Kuwait e arrancando bebês pra fora das incubadoras só para assistir eles morrendo. O tipo de coisa que te deixa com vontade de entrar em uma guerra.
Mas a tal da Nayirah não era uma adolescente traumatizada. Ela era filha do embaixador kuwaitiano dos EUA e fazia parte da família real do país. Ela passou por um curso intensivo de atuação, de modo a comover a mídia internacional. Na época, a imprensa não tinha acesso ao Kuwait e aquele depoimento meio que ficou como a versão oficial dos fatos. Saldo final: os EUA entraram na guerra.
A Operação Paperclip
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Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, os serviços de inteligência militar dos americanos e dos russos começaram uma caça ao tesouro tecnológico do exército alemão. Eles estavam à procura de coisas como novos projetos de foguetes e aviões, medicamentos e produtos eletrônicos. Mas eles também estavam caçando o mais precioso “despojo” de todos: os cientistas, cujo trabalho tinha quase ganhado a guerra para a Alemanha.
Agentes americanos infiltrados enviavam informações sobre o desenvolvimento de novas tecnologias nazistas, e com base nessas informações, o departamento de defesa americano decidiu que era necessário extrair esses cientistas para a América.
Joint Intelligence Objectives Agency (JIOA)
A JIOA foi a organização responsável pela Operação Paperclip , um programa para capturar cientistas alemães para os Estados Unidos no final da Segunda Guerra Mundial . O JIOA foi criada em 1945, como um subcomitê do Joint Intelligence Committee (JIC) do Joint Chiefs of Staff das forças armadas dos Estados Unidos. O JIOA era composto por um representante de cada órgão membro do JIC, e uma equipe operacional de oficiais da inteligência militar.
Os deveres do JIOA incluia: administrar as políticas de operação Paperclip, compilação dos dossiês (mais de 1.500) sobre cientistas nazistas e estrangeiros, engenheiros e técnicos, e sendo a ligação com à inteligência britânica. Também recolheu, desclassificados e distribuídos relatórios sobre a inteligência científica, técnica e industrial alemã, e os relatórios da Combined Intelligence Objectives Subcommittee (CIOS). Além disso, quando os CIOS foram dissolvidos, a JIOA assumiu muito do seu trabalho.
Convencido de que os cientistas alemães poderiam ajudar nos esforços do pós-guerra dos Estados Unidos, o presidente Harry Truman autorizou em setembro de 1946 a Operação Paperclip, uma operação militar para trazer os cientistas alemães para trabalhar nos Estados Unidos.
Em 1955, mais de 760 cientistas alemães receberão a cidadania americana, inclusive diversos membros de longa data do partido nazista e da Gestapo, e que realizavam experiências com seres humanos em campos de concentração.
O incidente do Golfo de Tonkin
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O incidente do Golfo de Tonkin, o motivo que levou ao envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, nunca realmente ocorreu.
É isso mesmo. O incidente envolveu o destroier (um tipo de navio de defesa e espionagem) norte-americano USS Maddox, que teria sido supostamente atacado por três torpedeiros da marinha norte-vietnamita, respondendo ao fogo com a ajuda de aviões da força tarefa a que ele pertencia.
Prontamente, o Presidente dos Estados Unidos, Lyndon B. Johnson, elaborou a Resolução do Golfo de Tonkin, que se tornou a justificação legal (e o pretexto perfeito) de seu governo para entrar definitivamente na guerra do Vietnã. O problema é que o evento nunca de fato aconteceu.
O governo vietnamita assegurou que não houve ataque. Tanto que, em 2005, documentos secretos da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana foram revelados, divulgando o fato de que a presença dos torpedeiros norte-vietnamitas nos ataques nunca foi realmente confirmada.
Mas, então, o USS Maddox atirou em que? Curiosamente, em 1965, o presidente Johnson comentou: “pelo que eu saiba, a nossa Marinha estava atirando em baleias por lá”.
Vale destacar que o próprio historiador da NSA, Robert J. Hanyok, escreveu um relatório afirmando que a agência tinha deliberadamente distorcido os relatórios de inteligência em 1964. Ele também declarou: “Os paralelos entre a inteligência defeituosa no golfo de Tonkin e a inteligência manipulada usada para justificar a Guerra do Iraque tornam ainda mais interessante a reexaminar os acontecimentos de Agosto de 1964″.
Projeto MK Ultra
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A CIA (A Agência Central de Inteligência) executou experimentos secretos de controle mental sobre cidadãos norte-americanos da década de 1950 até 1973.
Sim, isso aconteceu, sendo que foi tão verdade que, em 1995, o presidente Clinton realmente emitiu um pedido formal de desculpas em nome do governo dos Estados Unidos.
Essencialmente, a CIA usou drogas, eletrônicos, hipnose, privação sensorial, abuso verbal e sexual, e tortura para conduzir experimentos de engenharia comportamental experimentais. O programa dividiu centenas desses projetos em mais de 80 diferentes instituições, incluindo universidades, hospitais, prisões e empresas farmacêuticas.
A maior parte foi descoberta em 1977, quando a Lei de Liberdade de Informação expôs 20 mil documentos previamente classificados e desencadeou uma série de audiências no Senado. Como o diretor da CIA, Richard Helms, destruiu a maioria dos arquivos mais contundentes do MK Ultra em 1973, grande parte do que realmente ocorreu durante esses experimentos ainda é desconhecida e, obviamente, nem uma única pessoa foi levada à justiça.
A título de curiosidade, há uma crescente evidência de que Theodore Kaczynski, conhecido como Unabomber, foi um indivíduo que participou do projeto MK Ultra enquanto estava na Universidade de Harvard na década de 1950 e 1960.
Além disso, qualquer referência do MK Ultra com a “Ultraviolência” citada no filme Laranja Mecânica, dirigido Stanley Kubrick (da adaptação do livro de Anthony Burgess), além dos esquemas de tortura de Alex, talvez não seja mera coincidência.
Anthony Burgess trabalhou para a inteligência britânica e, de acordo com um biógrafo, ele testemunhou os experimentos do MK Ultra, enchendo o seu livro com algumas pinceladas sobre o projeto.
Tráfico de drogas da CIA em Los Angeles
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Durante os anos 1980, a CIA facilitou a venda de cocaína para gangues de rua de Los Angeles e canalizou milhões em lucros do tráfico a um exército de guerrilha da América Latina.
É complicado e complexo, mas é verdade. O livro de Gary Webb Dark Alliance: The CIA, the Contras, and the Crack Cocaine Explosion descreve como os “Contras” — grupos de oposição ao governo da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na Nicarágua, que surgiram a partir de 1979 —, apoiados pela CIA contrabandearam cocaína para os Estados Unidos e, em seguida, distribuíram crack para gangues de Los Angeles, embolsando os lucros.
A CIA ajudou diretamente os traficantes de drogas a arrecadar dinheiro para os Contras em troca de informações. Segundo o que Gary Weeb escreveu em um artigo de 1996, “essa rede de drogas abriu também espaço para os cartéis da Colômbia e os bairros negros de Los Angeles”.
Vale destacar que, em 10 de dezembro de 2004, Webb se suicidou em circunstâncias suspeitas, pois foram usadas duas balas para atirar na própria cabeça.
Operação Mockingbird
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No final de 1940, quando a Guerra Fria estava começando a se desenvolver, a CIA lançou um projeto secreto chamado Operação Mockingbird. Seu objetivo era comprar influência e controle entre os principais meios de comunicação.
De fato, eles também planejavam colocar jornalistas e repórteres diretamente na folha de pagamento da CIA, o que alguns afirmam estar em curso até hoje. Os arquitetos deste plano foram Frank Wisner, Allen Dulles, Richard Helms e Philip Graham (editor do The Washington Post), que planejavam se alistar organizações de notícias americanas para se tornar basicamente espiões e propagandistas.
Sua lista de agentes acabou por incluir jornalistas nas grandes redes ABC, NBC, CBS, Time, Newsweek, Associated Press, United Press International (UPI), Reuters, Hearst Newspapers, Scripps-Howard, Copley News Service, entre outras. Na década de 1950, a CIA havia se infiltrado nas empresas de mídia e universidades, com dezenas de milhares de agentes de plantão.
COINTELPRO
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Um programa do FBI foi realizado para desestabilizar grupos de protestos, de esquerda, ativistas e dissidentes políticos dentro dos Estados Unidos.
Verdade. A COINTELPRO foi uma série de projetos clandestinos, ilegais do FBI, que se infiltraram em organizações políticas nacionais para desacreditá-las e difamá-las. Isto incluiu os críticos da guerra do Vietnã, líderes dos direitos civis como o Dr. Martin Luther King e grande variedade de ativistas e jornalistas.
Os atos cometidos contra eles incluíram guerra psicológica, calúnia usando documentos falsos e falsos relatos na mídia, assédio, prisão ilegal e, segundo alguns, a intimidação e, possivelmente, violência e assassinato. Táticas semelhantes e, possivelmente, mais sofisticadas são usadas ainda hoje, incluindo o monitoramento da NSA.
Operação Branca de Neve
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Durante os anos 1970, a Igreja da Cientologia roubou os arquivos confidenciais do governo sobre eles e sobre o seu fundador (L. Ron Hubbard ) para limpar registros desfavoráveis em dezenas de agências governamentais. Essa ação criminosa foi chamada de Operação Branca de Neve.
De fato, aconteceu. Este projeto incluiu uma série de infiltrações e furtos de 136 agências governamentais, embaixadas e consulados estrangeiros, bem como as organizações privadas da Cientologia, que foram realizadas em mais de 30 países.
Foi a maior infiltração no governo dos Estados Unidos na História, envolvendo até cinco mil agentes secretos, que eram membros da igreja, funcionários públicos corruptos ou chantageados e investigadores particulares.
Onze executivos da Igreja altamente colocados, incluindo Mary Sue Hubbard (esposa do fundador), declararam-se culpados ou foram condenados em um tribunal federal por obstrução da justiça, roubo de escritórios, de documentos e de propriedades do governo.
Espionagem do governo dos EUA em seus próprios cidadãos
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O governo americano espiona toda a sua população.
Esse tipo de informação costumava ser ridicularizado como uma fantasia derivada de imaginação fértil e uma desconfiança juvenil do governo. Porém, mesmo depois de ter sido revelado que a NSA (Agência de Segurança Nacional) tem feito escutas ilegais em grande parte dos norte-americanos, coletando ainda dados de celular por mais de uma década, as pessoas tentam se enganar que isso não acontece.
Sim, eles analisam tudo isso (além de dados transmitidos pela internet), mas é sob a “égide da segurança nacional”. Usando os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 como desculpas, eles afirmam que certas liberdades devem ser sacrificadas em prol da segurança. Certo?
Não só não existe nenhuma evidência de que a NSA tem protegido a população contra o terrorismo, como há cada vez mais evidências de que ela a torna mais vulnerável.
Graças às revelações sobre a NSA e seu projeto Prism (de vigilância global, que foi revelado pelos documentos de Edward Snowden), sabemos que o âmbito da espionagem da NSA vai além do que muitos teóricos da conspiração originalmente acreditavam.
No início de junho de 2014, o The Washington Post relatou que quase 90% dos dados que estão sendo coletados pelos programas de vigilância da NSA são de usuários de Internet sem conexão com atividades terroristas. De acordo com a American Civil Liberties Union, esta é uma clara violação da Constituição. Nessa coisa toda, até o Brasil entrou na dança, tendo milhares de usuários espionados, incluindo a presidente Dilma.