Futuro da Amazônia é teste político para Dilma, diz Financial Times: país e mundo de olho nela
As disputas em torno do novo Código Florestal brasileiro, já aprovado em primeira instância pela Câmara dos Deputados e agora aguardando votação pelo Senado, representam um "teste político prematuro" para a presidente Dilma Rousseff, na avaliação de reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário econômico britânicoFinancial Times.Para o jornal, a promessa de Dilma de vetar uma anistia ao desmatamento prevista no projeto poderá colocá-la em rota de colisão com a bancada ruralista no Congresso e ameaçar o controle da coalizão governista. Por outro lado, nacional e internacionalmente há a pressão por parte dos ambientalistas em defesa dos recursos naturais, das florestas e do Desenvolvimento Sustentável.
A reportagem observa que as discussões sobre o novo Código Florestal opõem fazendeiros a favor da anistia, preocupados com o custo do cumprimento das normas ambientais, e ambientalistas preocupados com os danos provocados pela anistia, além de "um nascente setor da indústria de investimentos que procura monetizar a proteção da floresta".
"Para a presidente Dilma Rousseff, que prometeu vetar a anistia, enfrentando o poderoso lobby agrícola do país, que envolve multinacionais do agrotóxico, a questão significa um teste precoce. Sua habilidade para controlar uma coalizão rebelde ao tentar se igualar ao desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva, seu bem sucedido e popular antecessor, será acompanhada de perto tanto pelos eleitores quanto por investidores", diz o texto do jornal inglês.
Monitoramento
Protesto contra a hidroelétrica de Belo Monte
O jornal observa que o projeto do novo Código Florestal, que teria o objetivo declarado de proteger os pequenos produtores de terra, mantém as metas para a proteção das florestas - de 80% da área da floresta amazônica e 20% em outras florestas -, mas estabelece uma anistia para aqueles que desmataram ilegalmente até 22 junho de 2008.
Hidroelétricas também são uma polêmica e um problema grave
Megahidrelétricas na Amazônia causam protestos no Brasil e também no exterior
Para a reportagem do Financial Times, Dilma terá que avaliar se a batalha política sobre o novo Código Florestal vale a pena. "Ela já enfrenta problemas para controlar sua coalizão multipartidária indisciplinada, depois de perder quatro ministros desde sua posse, em janeiro, em meio a escândalos éticos e de corrupção". O jornal observa ainda que, além de tudo isso, a presidente "também tem seus próprios planos para a região", incluindo a construção de um sistema de grandes hidroelétricas para aumentar a capacidade de geração de energia e fomentar o crescimento econômico. Cientistas brasileiros propõem pequenas e médias hidrelétricas conjugadas com energias Eólica e Solar, mas não tem sido ouvidos nos debates.
Para o diário, a presidente terá que equilibrar essas preocupações com as preocupações ambientais tanto no Brasil quanto nos mercados de exportação nos países desenvolvidos. "Ainda assim, independentemente de como será alcançado, o melhor manejo da terra na Amazônia brasileira é uma prioridade urgente não apenas para o ambiente, mas também para os 24 milhões de habitantes da região, uma mistura de índios, fazendeiros, pequenos produtores e peões pobres que vêm vivendo em constante conflito por décadas", comenta um dos jornais de maior influência no planeta hoje.
Fontes: BBC
F.V.N.
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