29 fevereiro, 2012

Israel não alertará Estados Unidos de ataque ao Irã


Enquanto Teerã defende novo pacto de desarmamento nuclear, governo israelense dá indícios de que realizará ataque preventivo contra instalações iranianas sem a participação norte-americana


Membros do governo de Israel dizem que não alertarão os Estados Unidos caso decidam realizar um ataque preventivo contra as instalações nucleares do Irã, para diminuir as possibilidades de que os norte-americanos sejam responsabilizados por qualquer ação militar contra o Irã.
Nos últimos meses, os Estados Unidos vêm tentando convencer o governo israelense de que ataques seriam apenas obstáculos temporários para o programa nuclear iraniano. O anúncio foi feito em uma série de conversas privadas que determinaram o tom dos encontros que devem ocorrer nos próximos dias em Washington.


Em meio às negociações com o Ocidente, o Irã pediu nesta terça-feira, 28, negociações sobre um tratado banindo as armas nucleares e classificando sua posse e produção como “um grave pecado”. De acordo com o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, há duas maneiras de lidar com o programa nuclear do Irã: o apoio e o confronto. “Confiante na natureza pacífica de seu programa nuclear, o Irã sempre insistiu na primeira alternativa”, disse.
A declaração de Salehi veio dias após as Nações Unidas expressarem preocupações com as possíveis dimensões militares do programa nuclear do Irã, que negou acesso às instalações militares ligadas ao programa à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A aparente decisão israelense de manter os Estados Unidos longe de suas ações também é oriunda de uma frustração israelense com a Casa Branca. Após uma visita do conselheiro de segurança nacional Tom Donilon, os israelenses se convenceram de que os norte-americanos não participariam de ações militares, nem apoiariam ações unilaterais de Israel contra o Irã; e então concluíram que teriam que realizar ataques por conta própria. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu deve ir a Washington se encontrar com o presidente Barack Obama no início de março, e essa deve ser a tônica da conversa entre eles.
“É essencial mostrar a Israel que estamos trabalhando juntos para criar um plano que impeça o Irã de criar armas nucleares. As sanções estão funcionando e elas se tornarão muito mais agressivas”, disse o congressista democrata de Maryland, Dutch Ruppersberger. “Temos que aprender com a Coreia do Norte. Todas aquelas conversas e negociações de paz não foram a lugar nenhum, e nesse meio-tempo, eles desenvolveram uma bomba nuclear. Vamos mandar a mensagem de que não haverá mais impasse. Já chega. Todas as opções estão disponíveis”. Já o congressista republicano Mike Rogers, presidente do comitê de inteligência, sente seriedade no discurso israelense e acredita que Israel sente que terá que tomar essa decisão sozinho, já que a atual gestão norte-americana não parece disposta a levar adiante ações militares contra o Irã.
Para Salehi, que compartilha visões expressadas pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, o Irã não seria um país mais poderoso com a bomba. “Não vemos as armas nucleares como motivo de glória, orgulho ou poder. Muito pelo contrário. A posse, produção, uso ou ameaça de uso de armas nucleares são ilegítimas, fúteis e perigosas”, afirmou o ministro iraniano. “Atualmente, o Irã busca fazer do Oriente Médio uma região livre de armamentos nucleares”, disse ele.
O Irã continua a levar adiante seu programa de enriquecimento de urânio e resiste à ideia de adotar a transparência que permitiria à comunidade internacional atestar a natureza pacífica de seu programa nuclear. “Esse não parece o melhor exemplo de um compromisso com o desarmamento nuclear”, afirmou a embaixadora norte-americana Laura E. Kennedy. Salehi diz ter esperanças de que o dialogo com a AIEA continue, e sugeriu que novas reuniões fossem realizadas em Teerã num “novo mecanismo no qual poderemos resolver nossas questões mais importantes”.

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