Enquanto Teerã defende novo pacto de desarmamento nuclear, governo israelense dá indícios de que realizará ataque preventivo contra instalações iranianas sem a participação norte-americana
Nos últimos meses, os Estados Unidos vêm tentando convencer o governo israelense de que ataques seriam apenas obstáculos temporários para o programa nuclear iraniano. O anúncio foi feito em uma série de conversas privadas que determinaram o tom dos encontros que devem ocorrer nos próximos dias em Washington.
Em meio às negociações com o Ocidente, o Irã pediu nesta terça-feira, 28, negociações sobre um tratado banindo as armas nucleares e classificando sua posse e produção como “um grave pecado”. De acordo com o Ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, há duas maneiras de lidar com o programa nuclear do Irã: o apoio e o confronto. “Confiante na natureza pacífica de seu programa nuclear, o Irã sempre insistiu na primeira alternativa”, disse.
A declaração de Salehi veio dias após as Nações Unidas expressarem preocupações com as possíveis dimensões militares do programa nuclear do Irã, que negou acesso às instalações militares ligadas ao programa à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
A aparente decisão israelense de manter os Estados Unidos longe de suas ações também é oriunda de uma frustração israelense com a Casa Branca. Após uma visita do conselheiro de segurança nacional Tom Donilon, os israelenses se convenceram de que os norte-americanos não participariam de ações militares, nem apoiariam ações unilaterais de Israel contra o Irã; e então concluíram que teriam que realizar ataques por conta própria. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu deve ir a Washington se encontrar com o presidente Barack Obama no início de março, e essa deve ser a tônica da conversa entre eles.
“É essencial mostrar a Israel que estamos trabalhando juntos para criar um plano que impeça o Irã de criar armas nucleares. As sanções estão funcionando e elas se tornarão muito mais agressivas”, disse o congressista democrata de Maryland, Dutch Ruppersberger. “Temos que aprender com a Coreia do Norte. Todas aquelas conversas e negociações de paz não foram a lugar nenhum, e nesse meio-tempo, eles desenvolveram uma bomba nuclear. Vamos mandar a mensagem de que não haverá mais impasse. Já chega. Todas as opções estão disponíveis”. Já o congressista republicano Mike Rogers, presidente do comitê de inteligência, sente seriedade no discurso israelense e acredita que Israel sente que terá que tomar essa decisão sozinho, já que a atual gestão norte-americana não parece disposta a levar adiante ações militares contra o Irã.
Para Salehi, que compartilha visões expressadas pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, o Irã não seria um país mais poderoso com a bomba. “Não vemos as armas nucleares como motivo de glória, orgulho ou poder. Muito pelo contrário. A posse, produção, uso ou ameaça de uso de armas nucleares são ilegítimas, fúteis e perigosas”, afirmou o ministro iraniano. “Atualmente, o Irã busca fazer do Oriente Médio uma região livre de armamentos nucleares”, disse ele.
O Irã continua a levar adiante seu programa de enriquecimento de urânio e resiste à ideia de adotar a transparência que permitiria à comunidade internacional atestar a natureza pacífica de seu programa nuclear. “Esse não parece o melhor exemplo de um compromisso com o desarmamento nuclear”, afirmou a embaixadora norte-americana Laura E. Kennedy. Salehi diz ter esperanças de que o dialogo com a AIEA continue, e sugeriu que novas reuniões fossem realizadas em Teerã num “novo mecanismo no qual poderemos resolver nossas questões mais importantes”.
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